sábado, 27 de março de 2010

Hoje tem espetáculo?

"Hoje tem marmelada?
Tem sim, senhor!
Hoje tem goiabada?
Tem sim, senhor?
E o palhaço, o que é?
É ladrão de mulher!"




Quantas boas lembranças nos vêm da nossa infância e de todo o encanto e magia que o circo trouxe à vida de cada um de nós.
Lembro-me bem de várias apresentações a que pude assistir em minha cidade, que na minha infância, contava com pouco mais de 30.000 habitantes. A euforia que nos invadia ao ver passar  os carros e caminhões com todos aqueles artistas e animais e a ansiedade à espera da grande noite, eternizados pela memória para o resto da vida  tantas risadas, suspense, emoção.
Palhaços, malabaristas, mágicos... Maravilhosa arte milenar. Grandes nomes, principalmente os internacionais como o Cirque du Soleil, revelam o lado mais glamuroso do picadeiro, enquanto há inúmeras trupes que sobrevivem com muita dificuldade, em seus espetáculos itinerantes, mas continuam a levar para as cidades toda essa alegria inequecível.  Sejamos incentivadores para que a tradição circense não  desapareça no país. 
Como surgiu o circo?"
Comemora-se o Dia do Circo em 27 de março, numa homenagem ao palhaço brasileiro Piolin, que nasceu nessa data, no ano de 1897, na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo.
Considerado por todos que o assistiram como um grande palhaço, se destacava pela enorme criatividade cômica e pela habilidade como ginasta e equilibrista. Seus contemporâneos diziam que ele era o pai de todos os que, de cara pintada e colarinho alto, sabiam fazer o povo rir.
No palco da história
Por volta do ano 70 a.C, surgiu o Circo Máximo de Roma, que um incêndio destruiu totalmente, causando grande comoção. Tempos depois, no ano 40 a.C, construíram no mesmo lugar o Coliseu, com capacidade para 87 mil pessoas. No local, havia apresentações de engolidores de fogo, gladiadores e espécies exóticas de animais.
Com a perseguição aos seguidores de Cristo, entre os anos 54 e 68 d.C, esses lugares passaram a ser usados para demonstrações de força: os cristãos eram lançados aos leões, para serem devorados diante do público.
Os artistas procuraram, então, as praças, feiras ou entradas de igrejas para apresentarem às pessoas seus malabarismos e mágicas.
Ainda na Europa do século XVIII, grupos de saltimbancos se exibiam na França, Espanha, Inglaterra, mostrando suas habilidades em simulações de combates e na equitação.
O circo moderno
A estrutura do circo como o conhecemos hoje teve sua origem em Londres, na Inglaterra. Trata-se do Astley's Amphitheatre, inaugurado em 1770, pelo oficial inglês da Cavalaria Britânica, Philip Astley.
O anfiteatro tinha um picadeiro com uma arquibancada próxima e sua atração principal era um espetáculo com cavalos. O oficial percebeu, no entanto, que só aquela atração de cunho militar não segurava o público e passou a incrementá-la com saltimbancos, equilibristas e palhaços.
O palhaço do lugar era um soldado, que entrava montado ao contrário e fazia mil peripécias. O sucesso foi tanto, que adaptaram novas situações.
Era o próprio oficial Astley quem apresentava o show, vindo daí a figura do mestre de cerimônias.
Quando o  circo chegou ao Brasil
No Brasil, a história do circo está muito ligada à trajetória dos ciganos em nossa terra, uma vez que, na Europa do século dezoito, eles eram perseguidos. Aqui, andando de cidade em cidade e mais à vontade em suas tendas, aproveitavam as festas religiosas para exibirem sua destreza com os cavalos e seu talento ilusionista.
Procuravam adaptar suas apresentações ao gosto do público de cada localidade e o que não agradava era imediatamente tirado do programa.
Mas o circo com suas características itinerantes aparece no Brasil no final do século XIX. Instalando-se nas periferias das cidades, visava às classes populares e tinha no palhaço o seu principal personagem. Do sucesso dessa figura dependia, geralmente, o sucesso do circo.
O palhaço brasileiro, por sua vez, adquiriu características próprias. Ao contrário do europeu, que se comunicava mais pela mímica, o brasileiro era falante, malandro, conquistador e possuía dons musicais: cantava ou tocava instrumentos.
Escolas e grupos brasileiros
No Brasil, a primeira escola de circo foi criada em São Paulo, em 1977, com o nome de Piolin (que é também o nome de um grande palhaço brasileiro). Funcionava no estádio do Pacaembu.
No Rio de Janeiro, surge em 1982 a Escola Nacional de Circo, abrindo oportunidades para jovens de todas as classes e vindos de diferentes regiões do país. Eles aprendem as novas técnicas circenses e, uma vez formados, montam seus próprios grupos ou vão trabalhar no exterior.
São muitos os grupos espalhados pelo Brasil afora. Citamos a Intrépida Trupe, os Acrobáticos Fratelli e a Nau de Ícaros.
                                                                      Nossos palhaços
Carequinha, "o palhaço mais conhecido do Brasil" - ele mesmo se intitula assim - diz que os melhores palhaços que ele conheceu na vida foram Piolin, Arrelia e Chicarrão. Essa notoriedade de George Savalla Gomes, seu verdadeiro nome, se deve muito à TV. Comandou programas de televisão, gravou vários discos, e soube tirar dessa mídia o melhor proveito. A TV, para ele, não acabou nem vai acabar nunca com o circo. Segundo Carequinha, o circo é imortal.

"Sou contra circo que tem animais. Não gosto. O circo comum, sem animais, agrada muito mais."
                                                                                                                  
 Denominado o "Rei dos Palhaços", o senhor Abelardo Pinto morreu em 1973 e era conhecido no meio circense e no Brasil como o palhaço Piolin (era magro feito um barbante e daí a origem do apelido). Como Carequinha, Piolin trabalhou em circo desde sempre. Admirado pela intelectualidade brasileira, participou ativamente de vários movimentos artísticos, entre eles, a Semana de Arte Moderna de 1922.
"O circo não tem futuro, mas nós, ligados a ele, temos que batalhar para essa instituição não perecer" .
                                                                                       
Fonte:   IBGE teen
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/circo/palhacos.html

O palhaço ocupa um lugar especial no coração das pessoas. E vez ou outra, quem é que nunca se sentiu um pouco palhaço?
Deixo no fim deste post uma música, composição do saudoso Antônio Marcos e um vídeo que encontrei no Youtube, criação de um rapaz de nome Edmilson. Uma letra bonita, em que em alguns trechos podemos refletir sobre nossa atuação no chamado "palco da vida".

Sonhos de Um Palhaço
Antônio Marcos
Composição: Antônio Marcos / Sérgio Sá

Vejam só
Que história boba
Eu tenho pra contar
Quem é que vai querer
Me acreditar
Eu sou palhaço sem querer...

Vejam só
Que coisa incrível
O meu coração
Todo pintado e nesta solidão
Espero a hora de sonhar...

Ah, o mundo sempre foi
Um circo sem igual
Onde todos representam
Bem ou mal
Onde a farsa de um palhaço
É natural...

Ah, no palco da ilusão
Pintei meu coração
Entreguei, entreguei amor
E sonhos sem saber
Que o palhaço
Pinta o rosto pra viver...

Vejam só e há quem diga
Que o palhaço é
No grande circo apenas o ladrão
Do coração de uma mulher...

Ah, o mundo sempre foi
Um circo sem igual
Onde todos, todos
Representam bem ou mal
Onde a farsa de um palhaço
É natural...

Ah, no palco da ilusão
Pintei meu coração
Entreguei amor e sonho
Sem saber
Que o palhaço pinta o rosto
Pra viver...

E vejam só e há quem diga
Que o palhaço é
No grande circo apenas o ladrão
Do coração de uma mulher...

8 comentários:

  1. Realmente, o circo e o palhaço são grandes referências do imaginário infantil. O interessante é que qualquer adulto também viaja no maravilhoso mundo do circo, onde contém palhaços, mágicos, malabarismos, animais, enfim, tudo para tornar a experiência única e duradoura.
    Um dos melhores circos do Brasil é do nosso saudoso Beto Carreiro, que a cada espetáculo, mostra um universo incrível, que deixa a qualquer um boquiaberto e com um olhar brilhante, diante tanto talento misturado para emocionar a plateia. É maravilhoso!!!! Tem marmelada? rsrsrs

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  2. Prezada Professora Cida, o circo faz parte do meu imaginário infantil por vários motivos, mas o principal deles é o de, na maioria das vezes, ter medo do palhaço.
    Belo post, ótimas informações.

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  3. Aliás, esqueci-me de comentar: o novo visual do blog ficou ótimo!

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  4. O que posso desejar para você?

    Que as verdadeiras amizades continuem eternas
    e tenham sempre um lugar especial em nossos corações.
    Que as lágrimas sejam poucas, e logo superadas.
    Que as alegrias estejam sempre presentes
    e sejam festejadas por todos.
    Que o carinho esteja presente em um simples olá,
    ou em qualquer outra frase, ou digitada rapidamente.
    Que os corações estejam sempre abertos para novas amizades,
    novos amores, novas conquistas.
    Que Deus, esteja sempre com sua mão estendida,
    apontando o caminho correto.
    Que as coisas pequenas como a inveja ou o desamor,
    sejam retiradas de nossa vida.
    Que aquele que necessite ajuda encontre
    sempre em nós uma animadora palavra amiga.
    Que a verdade sempre esteja acima de tudo.
    Que o perdão e a compreensão superem as amarguras e as desavenças.
    Que este nosso pequeno mundo virtual seja cada vez mais humano.
    Que tudo o que sonhamos se transforme em realidade.
    Que o Amor pelo próximo seja nossa meta absoluta.
    Que nossa jornada de hoje esteja repleta de flores.

    Feliz Páscoa

    Um abraço do amigo Eduardo Poisl

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  5. Cidda, belo conjunto. O texto ficou muito bem montado e uma lenda como esta não pode deixar de ser reverenciada. Parabéns!

    Achei fantástico saber da atuação de Abelardo na militância artística nacional e dessa participação na Semana de Arte Moderna de 1922: surpreendente.

    Abraço, Cidda, e muito obrigado por seu carinho e atenção para com meu humilde blog!

    Jefhcardoso.

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  6. Belo post!

    Os artistas de circo não têm o glamour de certas "celebridades" da grande mídia, mas são importantes para o entretenimento, principalmente de nossas cidades interioranas.

    Viva o circo!

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  7. Guardei o texto do palhaço, grato por o ter publicado.

    Quantas lágrimas e sentimentos contidos
    estão nos olhos e no rosto de um palhaço.
    Que nos circos deste mundo, à vida dão sentido.
    A todos os palhaços deste mundo, o meu abraço.

    Improviso

    ARFER

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  8. Adorava trocar impressões consigo sobre poesia e educação.para onde posso escrever.qual seu email de contacto?bom dia.joão, portugal

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