A faca corta a carne...
Por uns míseros reais vai-se uma vida...
Mas as palavras do poeta continuam...
Amor, sim:
Porque tudo é belo
A romã, o lábio, a fala, a cisterna.
Amor de amar
A casta flor do chão
E as reentrâncias do muro,
A manhã, a lua, a tarde.
Amor, sim:
Porque a cor do antúrio
Conta uma história serena
E amar o calmo confirma
O ânimo, os deuses que riem
À sombra das árvores
Do jardim de Parmênides.
Amor, sim:
Porque, amorosa, até a nuvem,
Ainda que gasosa acolherá
Meus todos, meus plenos, teus inteiros.
Wilson Bueno - Nasceu em Jaguapitã/PR em 1949 e é considerado um dos mais importantes escritores contemporâneos. Tinha livros publicados no Chile, Cuba, México, Argentina e EUA.
A obra mais conhecida de Bueno, que integra antologias nacionais e internacionais, é "Mar paraguayo", de 1992, escrito em "portunhol", uma mistura de espanhol, português e guarani, onde se conta a vida de uma sofrida mulher e "el viejo".
Pela editora Planeta ele publicou "A copista de Kafka", "Amar-te a ti nem sei se com carícias" e "Cachorros do céu". O escritor tem entregue ainda um original, ainda inédito, chamado "Mano, a noite está velha", ainda sem data para publicação.
Escritor Wilson Bueno é encontrado morto em Curitiba
Fonte: ZERO HORA
Wilson Bueno, poeta, crítico e escritor, um dos nomes fundamentais da literatura paranaense, foi encontrado morto no início da noite de segunda-feira(31/06), em sua casa em Curitiba. De acordo a polícia, Bueno foi morto com uma facada no pescoço durante tentativa de assalto à sua residência, no bairro Santa Cândida, ainda na noite de domingo.
O escritório do autor havia sido revirado, e seu corpo foi encontrado por um amigo, alertado pela diarista que atendia a casa.
Bueno transitou, ao longo de uma carreira de quase três décadas, entre a poesia e a prosa. Seu primeiro livro, Bolero’s Bar (1986), tinha apresentação do grande nome da poesia paranaense, Paulo Leminski. A obra foi lançada originalmente pela Criar Edições e depois republicado pela editora paranaense Travessa dos Editores.
Na prosa, Bueno não se furtava a experiências radicais na forma. Seu livro Mar Paraguayo (1992), por exemplo, é narrado em uma síntese arrevezada de português, guarani e espanhol, contando a história de uma mulher pobre apaixonada por um jovem surfista.
Em 2001, seu romance Meu Tio Roseno, a Cavalo (editora 34), narrativa sobre a questão fundiária, foi finalista do Jabuti. Outro romance, Amar-te a ti nem Sei se com Carícias (Editora Planeta), foi um dos 10 finalistas do prêmio Zaffari e Bourbon da Jornada de Passo Fundo de 2005, concorrendo com José Saramago, Eduardo Agualusa e Chico Buarque. Seu livro mais recente é A Copista de Kafka (2007), também pela Planeta.
Na imprensa, Bueno foi o criador do jornal cultural Nicolau, era colaborador do Estado de São Paulo e colunista de O Estado do Paraná. Durante dois anos, manteve o blog literário Diário Vagau, cujos arquivos ainda se encontram online.