sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O SER DIFERENTE

"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais"
                                                         Bob Marley

"Lutar pela igualdade sempre que as diferenças nos discriminem, lutar pelas diferenças sempre que a igualdade nos descaracterize"
                                                         Boaventura de Souza Santos

                        17ª Semana da Pessoa com Deficiência

                                                 Sinal Verde para Inclusão
Entre os dias 18 e 28 de setembro, Belo Horizonte receberá mais uma edição da "Semana da Pessoa com Deficiência", evento realizado pela Prefeitura, por meio da Coordenadoria de Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência (CDPPD).
Em sua décima sétima edição, o evento, que conta com o apoio de vários parceiros,  quer mostrar a necessidade de acelerar o processo de inclusão de pessoas com deficiência, além de destacar as suas capacidades, potencialidades e habilidades, através de conquistas no âmbito político e social, convidando à ações e reflexões acerca do processo de inclusão.
A Semana integra o Calendário Oficial de Eventos do Município, e nestes 17 anos teve como objetivo dar visibilidade ao segmento na sociedade brasileira tradicionalmente tido como invisível ou excluído.
A Secretaria Municipal Adjunta de Direitos de Cidadania está empenhada na participação do Poder Público junto aos diversos segmentos populacionais e sociais, apoiando iniciativas individuais e de grupo das pessoas com deficiência que buscam romper limitações e desafios. A programação da 17ª Semana se inicia com a "III Mostra Mineira de Arte, Inclusão e Cidadania" e com o Seminário "Educação Inclusiva: Construíndo Possibilidades", e contará com feiras de artesanato e tecnologia assistiva, apresentações artísticas e esportivas, com todas as atividades abertas à população.
Mais informações e inscrições no site http://portalpbh.pbh.gov.br/pb
Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte

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Ao lermos o post  acima,  por certo nos alegramos com essas  atitudes e empreendimentos louváveis e a cada dia, felizmente, mais constantes na sociedade, seja por iniciativa dos órgãos públicos ou do setor privado. É um excelente projeto, que ajuda a garantir direitos e a mostrar para a sociedade o valor imenso de uma parcela marginalizada, até mesmo, desconhecida nos seus afazeres e habilidades. É o resgate da cidadania, a valorização, nada de caridade, pois é de respeito que essas pessoas precisam.
Ao mesmo tempo, foi-me impossível não pensar no quão difícil é para  uma pessoa com algum tipo de deficiência ou necessidade especial viver na nossa sociedade. Apesar de alguns avanços, ainda há  muito que se fazer.
Porém,  algo mais  neste dia me fez discorrer  sobre a dificuldade de se aceitarem as diferenças...
Recebi hoje  um e-mail , de um tipo que tem aumentado muito na minha caixa.
Fico tentada a responder aos amigos que mos enviam que não aprecio o tipo de "informações" enviadas, porém acabo deixando para lá e deleto a mensagem, sem maiores complicações. Contento-me com o não rir e o não repassar, porém me angustio pela pessoa que me conhece e  não conhece, pois achou que eu "morreria de rir" daquilo. Pelo "cc" vejo a quantidade enorme de pessoas que receberam e provavelmente passarão adiante. 
Com o tempo aprendi a intuir sobre o conteúdo da mensagem pelo assunto, que o remetente antecipa de forma a torná-la irresistível, instigadora à curiosidade. Mas como disse, já "manjo" os casos e nem perco tempo abrindo esses tipos de e-mails.
E hoje, mais uma vez estava lá: "Enc: Malditas sejam as Casas Bahia que parcelam máquina digital em até 17 vezes sem juros!!!!"‏
E o conteúdo é o de sempre: inúmeras imagens de pessoas pobres, negras, gordas, fora dos padrões consumistas e globais de beleza, anões, homossexuais, fotografadas em cenas de alegria e pura descontração.  Que graça pode ter? Para mim a graça de ver pessoas alegres, saudáveis.  Mas, infelizmente, o objetivo dos repassantes desses conteúdos é rir das pessoas e levar o maior número de conhecidos ou mesmos desconhecidos a verem esse próximo/irmão/ser humano como uma figura tosca, ridícula.
Sei que há bastante gente dando bobeira por aí, a deixar fotos caírem na rede em poses e situações, mas não compreendo esse preconceito travestido de graça e piada de pessoas que ridicularizam a imagem alheia num humor alienado - se é que se pode chamar isso de humor. Será que se pode chamar de humor esse trato seletivo, que só ridiculariza e faz chacota de determinadas classes? 
Qualquer pessoa com bom senso sabe qual é o limite, onde está a linha que divide o que é brincadeira, pura graça do que é maldade e humilhação. Nem sempre quem faz o "humor" se coloca no lugar no outro e,  às vezes,  piadas ou outros feitos que soam como simples brincadeiras acabam de certa forma moldando mentalidades,  favorecendo  a cada dia mais uma cultura de preconceito e violência, que se alimenta muito desse humor.
Claro que há piadas e outros trabalhos como as charges, cujo teor nos leva a reflexões interessantes sobre determinada situação. Há, por exemplo,  piadas e charges que têm como alvo os políticos e/ou a política, em que se pode notar,  em boa parte delas, conteúdo crítico que nos  leva a pensar.
Mas quando se referem a classes sociais, aparência física, opções sexuais,  características regionais, mais que graça, o que fica patente é o preconceito. Acho que não sou apenas eu que estou  farta de piadas sobre a loura burra, o baiano preguiçoso, o gay, o corno, a puta, o português...
Por favor, não pensem que sou mal-humorada, pelo contrário, costumo rir bastante, mas o sorriso amarela no meu rosto diante de algumas coisas pseudoengraçadas que tentam me mostrar.
 Legal seria  tentar compreender as diferenças do próximo  e aceitá-las sem querer mudá-las com críticas preconceituosas ou fazer delas palanque para humor barato. Rir com é melhor do que rir de alguém.
*A ilustração que introduz  a postagem é da minha colaboradora e filha de 08 aninhos, Ana Beatriz.

4 comentários:

  1. Ah, agora entendi o recado da ilustradora exclusiva. E que ilustradora, heim? Muito bacana - texto e ilustração, conteúdo e forma, mãe e filha juntas dando o recado. Grande abraço às duas.

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  2. Prezada professora Cida, faço o curso virtual de Educação Inclusiva pela PUC-Minas e a cada módulo fico mais entusiasmado. Certa vez, em uma das discussões do fórum virtual, escrevi o seguinte, em relação a um aluno PNE (deficiente visual):

    "Sobre inclusão"

    Caminho lado a lado com meu novo amigo
    Ele me incluiu em sua vida outro dia
    Olho para ele e ainda não consigo vê-lo direito
    Mas ele olha para mim e me enxerga por completo
    Simplesmente porque ele quer caminhar comigo
    Na busca de um outro caminho, uma outra via
    Ainda não consigo perceber como eu me ajeito
    Neste novo processo em busca de inclusão e afeto
    Mas sei que caminhar lado a lado com meu amigo recente
    Permite-me protegê-lo e aprender com ele a ser mais gente

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  3. *Marcelo, transmitirei seu abraço à minha ilustradora, sim. Obrigada.
    *The EDN, lindos versos, grande verdade que precisamos enxergar com todos os nossos sentidos.

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  4. Olá Cida
    Obrigado pela visita ao meu blog e por estar me seguindo. Fiquei feliz.
    Bjux

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