terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Manuel Bandeira

PARDALZINHO

(Manuel Bandeira)

O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa,
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos

Foi o primeiro poema que me chamou a atenção. Eu tinha 8, cursava o 2º ano, e a professora o passou no quadro. Invadiu-me uma emoção que ainda não havia experimentado. A história daquele passarinho comoveu meu coraçãozinho de criança, mais e mais a cada verso,  e minha mente desenhava as imagens da menina a tentar alimentar um bichinho que a falta de liberdade fez morrer de tristeza, mesmo com todo o amor que a menina lhe dedicou. Percebi isso sem a professora explicar.
Mas como era lindo o céu dos passarinhos que minha imaginação criava. Esse era o meu consolo.
E durante toda a minha vida esse poeminha esteve num cantinho da memória, não escondido, mas reservado para os momentos em que me faz falta relembrar aquela criança que fui.

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