quinta-feira, 3 de junho de 2010

Wilson Bueno

A faca corta a carne...
Por uns míseros reais vai-se  uma vida...
Mas as palavras do poeta continuam...

Amor, sim:

Porque tudo é belo

A romã, o lábio, a fala, a cisterna.

Amor de amar

A casta flor do chão

E as reentrâncias do muro,

A manhã, a lua, a tarde.

Amor, sim:

Porque a cor do antúrio

Conta uma história serena

E amar o calmo confirma

O ânimo, os deuses que riem

À sombra das árvores

Do jardim de Parmênides.

Amor, sim:

Porque, amorosa, até a nuvem,

Ainda que gasosa acolherá

Meus todos, meus plenos, teus inteiros.

Wilson Bueno -  Nasceu em Jaguapitã/PR  em 1949 e é considerado um dos mais importantes escritores contemporâneos.  Tinha livros publicados no Chile, Cuba, México, Argentina e EUA.
A obra mais conhecida de Bueno, que integra antologias nacionais e internacionais, é "Mar paraguayo", de 1992, escrito em "portunhol", uma mistura de espanhol, português e guarani, onde se conta a vida de uma sofrida mulher e "el viejo".
Pela editora Planeta ele publicou "A copista de Kafka", "Amar-te a ti nem sei se com carícias" e "Cachorros do céu". O escritor tem  entregue ainda um original, ainda inédito, chamado "Mano, a noite está velha", ainda sem data para publicação.

Escritor Wilson Bueno é encontrado morto em Curitiba

Fonte: ZERO HORA

Wilson Bueno, poeta, crítico e escritor, um dos nomes fundamentais da literatura paranaense, foi encontrado morto no início da noite de segunda-feira(31/06), em sua casa em Curitiba. De acordo a polícia, Bueno foi morto com uma facada no pescoço durante tentativa de assalto à sua residência, no bairro Santa Cândida, ainda na noite de domingo.
O escritório do autor havia sido revirado, e seu corpo foi encontrado por um amigo, alertado pela diarista que atendia a casa.
Bueno transitou, ao longo de uma carreira de quase três décadas, entre a poesia e a prosa. Seu primeiro livro, Bolero’s Bar (1986), tinha apresentação do grande nome da poesia paranaense, Paulo Leminski. A obra foi lançada originalmente pela Criar Edições e depois republicado pela editora paranaense Travessa dos Editores.
Na prosa, Bueno não se furtava a experiências radicais na forma. Seu livro Mar Paraguayo (1992), por exemplo, é narrado em uma síntese arrevezada de português, guarani e espanhol, contando a história de uma mulher pobre apaixonada por um jovem surfista.
Em 2001, seu romance Meu Tio Roseno, a Cavalo (editora 34), narrativa sobre a questão fundiária, foi finalista do Jabuti. Outro romance, Amar-te a ti nem Sei se com Carícias (Editora Planeta), foi um dos 10 finalistas do prêmio Zaffari e Bourbon da Jornada de Passo Fundo de 2005, concorrendo com José Saramago, Eduardo Agualusa e Chico Buarque. Seu livro mais recente é A Copista de Kafka (2007), também pela Planeta.
Na imprensa, Bueno foi o criador do jornal cultural Nicolau, era colaborador do Estado de São Paulo e colunista de O Estado do Paraná. Durante dois anos, manteve o blog literário Diário Vagau, cujos arquivos ainda se encontram online.

5 comentários:

  1. Wilson Bueno, poeta cujos versos conheci nos tempos de Graduação em Letras, através da saudosa professora Nádia, hoje em patamares mais elevados de existência. Gosto, por exemplo, destes:

    CADA CABEÇA, UMA SENTENÇA

    A cabeça fervendo
    de serpentes, eu sou a bela,
    a pérfida, a contracorrente,
    a vagabunda de Netuno,
    a escorraçada do templo.
    Eu sou a que vos convoca
    em pedra e vos come a nojo
    a vida que em nojo vestes.
    Digam de Perseu os ouros
    de caçar-me pela Floresta,
    eu que sou continuadamente
    só uma cabeça em suspenso
    que a vêm devorando os séculos
    — cada cabeça, uma sentença.
    Esta, a minha vingança.

    ResponderExcluir
  2. Uma bela e inteligente postagem, um conteúdo super interessante, gostei vc merece bjos, bjos e bjossssssssssss

    ResponderExcluir
  3. Cida,

    É tão bom quando nos identificamos com as palavras de um autor. Isso apenas mostra que a leitura realmente engrandece nossa alma.

    Espero não perder contato, viu?

    Beijo imenso, menina linda.

    Rebeca

    -

    ResponderExcluir
  4. Jota Cê e eu vamos nos ausentar por alguns dias, mas saiba que o nosso carinho vai continuar o mesmo, viu?

    Beijo imenso, menina linda.

    Rebeca

    -

    ResponderExcluir