A Rosa Meditativa - Salvador Dali
A Dança
Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim deste modo que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalianavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.
De dádivas encheram o outono.
Pablo Neruda
Poema do livro Aún (Ainda) – Tradução de Olga Savary – publicado pela editora José Olympio – 5ª ed. Rio de Janeiro, 1995
Afeeeeeeeeeeeeeeeeeee... dizer mais o quê?
ResponderExcluirQue dizer? Maravilhoso. Uma ótima semana pra você, amiga.
ResponderExcluirOlá Cida
ResponderExcluirDesculpa pela ausência, estava viajando
Adoro Pablo Neruda. Parabéns pela escolha.
Bjux
Visitar blog sem e-mail é como comer queijo mineiro sujo de terra
ResponderExcluirVc tem muita sensibilidade e cultura, sabe apreciar o que é bom e enriquecedor. Parabéns
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