terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Florentino

Era uma vez um florentino que todas as noites participava de serões e ouvia as pessoas que tinham viajado e visto o mundo conversarem. Ele não tinha nada para contar, pois vivera sempre em Florença, e achava que fazia papel de bobo.
E assim lhe deu vontade de viajar; não teve paz enquanto não vendeu tudo, fez as malas e partiu. Anda que anda, escureceu, e ele pediu pousada para a noite na casa de um pároco. O pároco o convidou para jantar e comendo lhe perguntava o porquê da sua viagem. Ao ouvir que o florentino viajava para depois regressar a Florença e ter algo para contar, disse:
— Várias vezes tive o mesmo desejo; quem sabe, caso não lhe desagrade, não poderíamos ir juntos?
— Imagine – disse o florentino. — Parece mentira encontrar companhia.
E na manhã seguinte partiram juntos, o florentino e o pároco.
A noite, chegaram a uma feitoria. Pediram abrigo e o dono perguntou:
— E por que estão viajando? — Quando soube o motivo, também ele ficou com vontade de viajar e ao amanhecer partiu com eles.
Os três andaram muito juntos, até chegar ao palácio de um gigante.
— Vamos bater – disse o florentino -, assim quando voltarmos para casa teremos historias de um gigante para contar.
O gigante veio abrir pessoalmente e os hospedou.
— Se quiserem ficar comigo – disse depois -, aqui na paróquia me falta um pároco, na feitoria me falta um feitor, e quanto ao florentino, embora não tenha necessidade de florentinos, também para ele se achará um lugar.
Os três conversaram:
— Bem, trabalhando para um gigante, certamente veremos coisas extraordinárias; imaginem quantas coisas poderemos contar depois! — E aceitaram. Ele os levou para dormir e combinaram que no dia seguinte acertariam tudo.
No dia seguinte o gigante disse ao pároco:
— Venha comigo que lhe mostro a papelada da paróquia. — E o conduziu para um aposento.
O florentino, que era um grande curioso e não queria perder a ocasião de ver coisas interessantes, pôs o olho no buraco da fechadura e viu que, enquanto o pároco se inclinava para ver a papelada, o gigante ergueu um sabre, cortou-lhe a cabeça e jogou o corpo e a cabeça num alçapão.
“Esta sim, será uma boa para contar lá em Florença”, pensou o florentino. “O problema é que não vão acreditar em mim.”
— Já encaminhei o pároco – disse o gigante -, agora vou cuidar do feitor; venha que lhe mostro a papelada da feitoria.
E o feitor, sem suspeitar de nada, seguiu o gigante até aquele aposento.
O florentino, pelo buraco da fechadura, viu-o inclinar-se sobre a papelada e depois o sabre do gigante se abater entre a cabeça e pescoço. A seguir, o decapitado acabou no alçapão.
Já estava se regozijando com tantas coisas extraordinárias que poderia contar na volta, quando percebeu que depois do pároco e do feitor seria a vez dele e que, portanto, não poderia contar absolutamente nada. E lhe veio um grande desejo de fugir, mas o gigante saiu do aposento e lhe disse que antes de tratar dele preferia almoçar. Sentaram-se a mesa, e o florentino não conseguia engolir nem um bocado e estudava um plano para escapar das mãos do gigante.
O gigante não enxergava bem com um dos olhos. Terminada a refeição, o florentino começou a dizer:
— Que pena! O senhor é tão bonito, mas esse olho...
O gigante, ao se sentir observado naquele olho, ficou incomodado e começou a se agitar na cadeira, a bater as pálpebras e a franzir as sobrancelhas.
— Sabe? — disse o florentino -, conheço uma erva que, para as doenças dos olhos, é um remédio infalível. E tenho a impressão de tê-la visto aqui no seu jardim.
— Ah, é? Ah, é? — disse logo o gigante. — Viu aqui mesmo? Então, vamos procurá-la.
E o conduziu ao prado, e o florentino, saindo, observava portas e fechaduras para ter bem claro na cabeça o meio para fugir. Num canteiro, colheu uma erva qualquer: voltaram para casa e a colocou para ferver numa panela de óleo.
— Aviso-o de que vai doer muito – disse ao gigante. — É capaz de resistir a dor sem se mexer?
— Bem, decerto... decerto resisto... — disse o gigante.
— Ouça: será melhor que para mantê-lo parado, o amarre a esta mesa de mármore; caso contrário, começa a se agitar e a operação não dá certo.
O gigante, que fazia questão de ajustar aquele olho, deixou que ele o amarrasse a mesa de mármore. Quando ele ficou amarrado como um salame, o florentino virou a panela de óleo fervente nos seus olhos, cegando-o completamente, e depois fugiu escada abaixo, pensando: “Mais essa para contar!”
Com um berro que fez a casa estremecer, o gigante se levantou e, com a mesa de mármore amarrada as costas, pôs-se a correr atrás dele as apalpadelas. Porém, percebendo que cego como estava jamais o alcançaria, recorreu a um ardil:
— Florentino! — gritou.— Florentino!, por que me abandonou? Não vai terminar a cura? Quanto quer para acabar de me curar? Quer este anel? — E lhe atirou um anel. Era um anel encantado.
— É isso – disse o florentino -, vou levá-lo para Florença e mostrá-lo a quem não acredita em mim!
Mas, assim que o recolheu e o enfiou no dedo, eis que o dedo se transforma em mármore, pesado a ponto de arrastar para o chão a mão, o braço e o corpo inteiro, fazendo-o ficar estendido. Agora o florentino não podia mais se mover, pois não aguentava com o dedo. Tentou tirar o anel do dedo, porém não conseguia. O gigante estava quase em cima dele. Desesperado, o florentino puxou uma faca do bolso e decepou o dedo: assim pôde escapar e o gigante não o encontrou mais.
Chegou a Florença com um palmo de língua para fora da boca, e lhe passara não só a vontade de correr mundo, mas também a de contar suas viagens. E, quanto ao dedo, disse que o cortara quando capinava.
                              Italo Calvino – “Fábulas Italianas”
Biografia
Italo Calvino
15/10/1923 - Santiago de Las Vegas (Cuba)
19/09/1985 - Siena (Itália)
O escritor Italo Calvino nasceu em 1923, em Cuba, por onde seus pais, cientistas italianos, estavam de passagem. Sua infância foi em San Remo, na Itália. Em 1941, matricula-se na Faculdade de Agronomia de Turim; mas abandona os estudos ao engajar-se na Resistência Italiana contra o exército nazista. Ao final da guerra, Calvino vai morar em Turim, onde se doutora em letras com uma tese sobre Joseph Conrad.
Em 1947, lança seu primeiro livro, inspirado em sua participação na Resistência. Passa a trabalhar para o jornal comunista L'Unità e, depois, na editora Einaudi. Só a partir dos anos 1950 Calvino começaria a escrever as obras que o tornaram famoso internacionalmente. Seus primeiros grandes sucessos são O Visconde Partido ao Meio (1952), O Barão nas Árvores (1957) e O Cavaleiro Inexistente (1959).
Em 1957, Calvino se desliga do Partido Comunista. Em 1972, publica Cidades Invisíveis. Se um Viajante numa Noite de Inverno, de 1979, explora com ironia a relação do leitor com a obra literária. Palomar é de 1983. Traduzidos para inúmeras línguas, os três têm lugar de destaque no repertório da literatura pós-moderna da Europa.
Calvino morreu em 1985, consagrado como um dos mais importantes escritores italianos do século 20. Entre seus muitos outros livros incluem-se Seis Propostas para o Próximo Milênio, Amores Difíceis e O Castelo dos Destinos Cruzados.
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u127.jhtm

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Recital Municipal 11/12/2009 - Caetanópolis - MG





No dia 11 de dezembro a Secretaria de Cultura, juntamente com a Secretaria Municipal de Educação,  promoveram o II Recital Municipal  de Poesias.
Foi um evento muito bonito e prestigiado. Os alunos vencedores dos recitais de cada escola do município apresentaram-se mais uma vez. Numa sexta-feira, com a Casa de Cultura Clara Nunes lotada, o evento deixa claro para todos que a poesia reside no coração do povo caetanopolitano tanto quanto a música, representada pela filha ilustre Clara Nunes. Pais, professores, pessoas da comunidade e diversos representantes da área educacional puderam assistir às apresentações e se encantar com elas.
Se por um lado chamou a atenção a criança tão pequena  a falar com tanta graça sua poesia, a garra e a energia dos adolescentes contagiou o ambiente. Os alunos adultos da EJA (educação de Jovens e Adultos) emocionaram a plateia. Foi divino ver o sr. Misael, aluno que está ainda a encarar as  primeiras letras e a  balbuciar as primeiras palavras na leitura em aula, pisar o palco e com simplicidade e não menos emoção falar seu poema.
Realmente a parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Municipal de Cultura, com o apoio da atual administração, tem dado muito certo.
O Festival Clara Nunes, realizado todos os anos em agosto, é o maior evento cultural da cidade e a educação está totalmente inserida no contexto em que ele se realiza. Neste ano, as escolas participaram de forma efetiva dos projetos do festival. A abordagem de temas relacionados à realidade sociocultural dos alunos permitiu ótimos trabalhos e a entrega dos prêmios do concurso de redação se deu também neste dia 11, durante o Recital.
Resta então parabenizar a todos: alunos, professores, setores cultural, educacional e administrativo da cidade que, mais uma vez, uniram esforços para a realização de um evento que ganha mais qualidade a cada ano.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O homem sem sorte

Vivia perto de uma aldeia um homem, um homem que era completamente sem sorte. Nada do que ele fazia dava certo. Muitas vezes ele plantava sementes e o vento vinha e as levava, outras vezes, era a chuva, que vinha tão violenta e carregava as sementes. Outras vezes ainda, as sementes permaneciam sob a terra, mas o sol, era tão quente, que as cozinhava. E ele se queixava com as pessoas e as pessoas escutavam suas queixas, da primeira vez com simpatia, depois com um certo desconforto e enfim quando o viam mudavam de caminho, ou entravam para dentro de suas casas fechando portas e janelas, evitando-o.
Então além de sem sorte, o homem se tornou chato e muito só. Ele começou a querer achar um culpado para o que acontecia com ele. Analisando a situação de sua família percebeu que seu pai era um homem de sorte, sua mãe, esta tinha sorte por ter se casado com seu pai, e seus irmãos eram muito bem sucedidos, pois então, se não era um caso genético, só poderia ser coisa do Criador. E depois de muito pensar resolveu tomar uma atitude e ir até o fim do mundo falar com o Criador, que como Criador de tudo, deveria ter uma resposta.
Arrumou sua malinha, algum alimento e partiu rumo ao fim do mundo. Andou um dia, um mês, um ano e um dia, e pouco antes de entrar numa grande floresta ouviu uma voz:
- Moço, me ajude. Ele então olhou para os lados procurando alguém. Até que se deparou com um lobo, magro, quase sem pelos, era pele e osso o infeliz. Dava para contar suas costelas.
Ele falou:
- Há três meses estou nesta situação. Não sei o que está acontecendo comigo. Não tenho forças para me levantar daqui.
O homem refeito do susto respondeu:
- Você está se queixando à toa... Eu tive azar a vida inteira. O que são três meses? Mas faça como eu. Procure uma resposta. Eu estou indo procurar o Criador para resolver o meu problema.
- Se eu não tenho forças nem para ir ao rio beber água... Faça este favor para mim. Você está indo vê-lo, pergunte o que está acontecendo comigo. O homem fez um sinal de insatisfação e disse que estava muito preocupado com seu problema, mas se lembrasse, perguntaria. Virando as costas, continuou seu caminho.
Andou um dia, um mês, um ano e um dia e de repente, ao tropeçar numa raiz, ouviu:
- Moço, cuidado. E quando olhou, viu uma folhinha que vinha caindo, caindo; Olhando para cima, viu a árvore com apenas duas folhinhas.
Levantou-se e observando suas raízes desenterradas, seus galhos retorcidos, sua casca soltando-se do tronco, falou:
- Você não se envergonha? Olhe as outras árvores a sua volta e diga se você pode ser chamada de árvore? Conserte sua postura.
A árvore, com uma voz de muita dor, disse:
- Não sei o que está acontecendo comigo. Estou me sentindo tão doente. Há seis meses que minhas folhas estão caindo, e agora, como vês, só restam duas... E, no fim de uma conversa, pediu ao homem que procurasse uma solução com o Criador.
Contrariado, o homem virou as costas com mais uma incumbência. Andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou a um vale muito florido, com flores de todas as cores e perfumes. Mas o homem não reparou nisto. Chegou até uma casa e na frente da casa estava uma moça muito bonita que o convidou a entrar.
Eles conversaram longamente e quando o homem deu por si já era madrugada. Ele se levantou dizendo que não podia perder tempo e quando já estava saindo ela lhe pediu um favor:
- Você que vai procurar o Criador, podia perguntar uma coisa para mim? É que de vez em quando sinto um vazio no peito, que não tem motivo, nem explicação. Gostaria de saber o que é e o que posso fazer por isto.
O homem prometeu que perguntaria e virou as costas e andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou por fim ao fim do mundo. Sentou-se e ficou esperando até que ouviu uma voz. E uma voz no fim do mundo, só podia ser a voz do criador...
- Tenho muitos nomes. Chamam-me também de Criador...
E o homem contou então toda a sua triste vida. Conversou longamente com a voz até que se levantou e virando as costas foi saindo, quando a voz lhe perguntou:
- Você não está se esquecendo de nada? Não ficou de saber respostas para uma árvore, para um lobo e para uma jovem?
- Tem razão... E voltou-se para ouvir o que tinha que ser dito.
Depois de um tempinho virou-se e correu... mais rápido que o vento até que chegou na casa da jovem. Como ela estava em frente à casa, vendo-o passar chamou:
- Ei!!! Você conseguiu encontrar o Criador? Teve as respostas que queria?
- Sim!!! Claro! O Criador disse que minha sorte está há muito no mundo. Basta ficar alerta para perceber a hora de apanhá-la!
- E quanto a mim, você teve a chance de fazer a minha pergunta?
- Ah! O Criador disse que o que você sente é solidão. Assim que encontrar um companheiro vai ser completamente feliz, e mais feliz ainda vai ser o seu companheiro.
A jovem então abriu um sorriso e perguntou ao homem se ele queria ser este companheiro.
- Claro que não... Já trouxe a sua resposta... Não posso ficar aqui perdendo tempo com você. Não foi para ficar aqui que fiz toda esta jornada. Adeus!!!
Virando as costas, correu mais rápido do que a água, até a floresta onde estava a árvore. Ele nem se lembrava dela.
Mas quando novamente tropeçou em sua raiz, viu caindo uma última folhinha. Ela perguntou se ele tinha uma resposta, ao que o homem respondeu:
- Tenho muita pressa e vou ser breve, pois estou indo em busca de minha sorte, e ela está no mundo.
O Criador disse que você tem embaixo de suas raízes uma caixa de ferro cheia de moedas de ouro. O ferro desta caixa está corroendo suas raízes. Se você cavar e tirar este tesouro daí vai terminar todo o seu sofrimento e você vai poder virar uma árvore saudável novamente.
- Por favor!!! Faça isto por mim!!! Você pode ficar com o tesouro. Ele não serve para mim. Eu só quero de novo minha força e energia. O homem deu um pulo e falou indignado:
- Você está me achando com cara de quê? Já trouxe a resposta para você. Agora resolva o seu problema. O Criador falou que minha sorte está no mundo e eu não posso perder tempo aqui conversando com você, muito menos sujando minhas mãos na terra.
Virando as costas correu, mais rápido do que a luz atravessou a floresta, e chegou onde estava o lobo, mais magro ainda e mais fraco.
O homem se dirigiu a ele apressadamente e disse:
- O Criador mandou lhe falar que você não está doente. O que você tem é fome. Está a morrer de inanição, e como não tem forças mais para sair e caçar, vai morrer aí mesmo. A não ser, que passe por aqui uma criatura bastante estúpida, e você consiga comê-la.
Nesse momento, os olhos do lobo se encheram de um brilho estranho, e reunindo o restante de suas forças, o lobo deu um pulo e comeu o homem "sem sorte".
               "SOMOS O QUE FAZEMOS, MAS SOMOS PRINCIPALMENTE
                  O QUE FAZEMOS PARA MUDAR O QUE SOMOS".







Fonte: www.metafora.com.br

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Jovens poetas

Escrever com o coração. Há pessoas que já nascem com esse dom de lidar com o que existe de mais  humano: os sentimentos. E isso é feito de forma tão especial, tão única.
Através dos poemas  as palavras  se revestem de  sensibilidade para colocar  o que acontece em nosso dia-a-dia:  amor, paixão, fantasia, ilusões e desilusões.
Fico muito contente, pois percebo que a poesia  volta aos poucos a ter o seu lugar, principalmente no meio jovem.
O desejo de se expressar através das palavras atrai os jovens para a produção e leitura de poesias, mesmo que, às vezes,  optem por um caminho que suscita certa polêmica: a música.  Segundo algumas pesquisas, o jovem gosta de poesia, mas prefere ouvi-la através das canções. Tudo bem. Temos composições muito bonitas que remetem à pura poesia.
Tenho tido muito bons resultados na escola  em que leciono. Neste mês de novembro, por exemplo, para o recital de poesias promovido pela instituição de ensino, surpreendi-me com a quantidade e qualidade dos poemas que meus alunos elaboraram para apresentação. Todos os textos poéticos estão sendo digitados e em breve os  postarei aqui com o maior orgulho.
O certo é que a poesia permite  comunicação imediata, numa comunhão de ideias e sentimentos que ultrapassa as fronteiras geográficas e as barreiras da língua.
E foi assim que tomei conhecimento dos belos textos de um jovem poeta português, que a exemplo de muitos dos nossos rapazes brasileiros mergulha nesse mundo maravilhoso do poema, como forma de expressar o que vem do  mais profundo da alma.

Trancrevo abaixo um dos poemas. Por certo o apreciarão.

                                         Reflexo da vida…
         Eduardo Martins

Sentado numa estrela brilhante
Olho o infinito
Minha alma e mente unidas
Reflectem em tudo o que vivem

Como imoral é a felicidade
Nesta vida complicada
E quanto tempo de angústia
De espera por algo melhor
Nesta vida...

Como amarga é a juventude
Se a vida não permitir
Que a possam apreciar

Como é triste o amor
Sabendo que é impossível...
Como é triste a felicidade
Quando passa por ti e tu
A recordas de mãos vazias

Como é triste não amar aquele amigo
Que te compreende
E está sempre a teu lado
Ele que se preocupa contigo,
Esperando as migalhas
Esperando um carinho...
Como é triste ver uma mãe desesperada
Perdendo o seu filho querido
Não gritar por ajuda...
Porque sente que as palavras
Deixaram de funcionar

Como é triste ver
Meninas pequenas terem crianças
Abandoná-las em qualquer lugar
Como se fosse uma simples coisa
E não uma vida preciosa
Como é triste andar
Cego nesta vida
Sem conhecer o Deus vivo
Que lhe dá força para sobreviver
Vejo minha alma meu coração
Juntos nesta dor
Por tudo o que viram
Por tudo aquilo que já sentiram