sábado, 31 de outubro de 2009

31/10/2009 - O dia dele...

Antes de relatar o nosso trabalho, lembro que hoje, 31 de outubro é uma data especial.  Não por causa do halloween...Mas nessa data nascia,  em 1902, o nosso grande poeta, contista e cronista...
Sim, hoje seria aniversário dele, o "Velho poeta", como era carinhosamente e respeitosamente chamado  este mineiro de Itabira:  Carlos Drummond de Andrade.
Se estivesse entre nós  faria 102 anos. Porém  suas palavras, sua memória se fazem  presentes e sabemos que poucos  se eternizarão de tal forma intensa e constante  em nossos corações e pensamentos como ele.
Não tenho nada contra o halloween, até me divirto com as crianças na data...
Saudades, Drummond...
Só você sabia falar assim do amor:
                     
 Amar
Que pode uma criatura senão entre criaturas, amar?
Amar e esquecer?
Amar e malamar
Amar, desamar e amar
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
Sozinho, em rotação universal,
se não rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia,
O que ele sepulta, e o que, na brisa marinha
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amor inóspito, o áspero
Um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte,
e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este é o nosso destino:
amor sem conta, distribuído pelas coisas
pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor
Amar a nossa mesma falta de amor,
e na secura nossa, amar a água implícita,
e o beijo tácito e a sede infinita.


As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça e com amor não se paga.
Amor é dado de graça, é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Encontro do dia 31/10/2009
Recursos que podem ser utilizados como suporte para nos auxiliar nas aulas de Língua Portuguesa
 “A proposta de trabalho com textos variados inclui a exploração de textos não-verbais e os que misturam mais de uma linguagem, como a propaganda, a composição musical, o filme. Neste mundo pós-moderno, em que tudo vai perdendo seus contornos nítidos e tudo se mescla, sons e imagens além da língua marcam as interações mais comuns do nosso cotidiano. Devem fazer parte das nossas escolhas, para uso com nossos alunos. Eventualmente, eles podem até expressar-se em uma dessas linguagens. De todo modo, como interlocutores, fruidores, o contato com textos com outros códigos deve ser constante.”
                                                     (TP1 – pág. 113 – unidade 03)
Foi a partir de todos os nossos estudos, análises,  reflexões e conclusão de que o texto é realmente o centro no ensino das experiências no ensino da língua, reforçados pelo estudo do trecho da TP citado acima, que focamos, no último dia do mês de outubro, o uso da tecnologia em sala de aula. Sua multiplicidade de linguagens possibilita um grande número de abordagens,  podendo ajudar na prática do professor, se for bem empregada, é claro.


"Quais os 'gigantes'  que você enfrenta no seu dia a dia como professor?"
Lançada essa pergunta para reflexão, imediatamente a metáfora levou a respostas como desvalorização do professor, desmotivação por parte dos alunos, indisciplina, falta de recursos nas escolas...
Creio que as respostas seriam idênticas pela maioria dos docentes das escolas públicas do país.
"Como você enfrenta e faz para vencer esses 'gigantes'"?
A resposta a essa indagação seria dada soemte depois que assistíssemos a um filme, que já estava no ponto para assistirmos :
DESAFIANDO GIGANTES
Sinopse
Nunca Desista, nunca volte atrás, nunca perca a fé. O poder da crença nos proporciona a oportunidade de vencer. Nos seus seis anos como técnico de futebol americano de uma escola, Grant Taylor nunca conseguiu levar seu time Shiloh Eagles a uma temporada vitoriosa. E ao ter que enfrentar crises profissionais e pessoais aparentemente insuperáveis, a idéia de desistir nunca lhe pareceu tão atraente. Somente depois que um visitante inesperado o desafia a acreditar no poder da fé que ele descobre a força da perseverança para vencer.
Informações Técnicas
Título no Brasil: Desafiando Gigantes
Título Original: Facing the Giants
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração: 111 minutos
Ano de Lançamento: 2006
Estúdio/Distrib.: Sony Pictures
Direção: Alex Kendrick
Elenco
James Blackwell ... Matt Prater
Bailey Cave ... David Childers
Shannen Fields ... Brooke Taylor
Tracy Goode ... Brady Owens
Alex Kendrick ... Grant Taylor
Jim McBride ... Bobby Lee Duke
Tommy McBride ... Jonathan Weston
Jason McLeod ... Brock Kelley
Mark Richt
Steve Williams ... Larry Childers
Chris Willis ... J.T. Hawkins Jr.
Ray Wood ... Sr. Bridges
Terminada a sessão cinema, pedi que as cursistas falassem então sobre o que fazem para  vencer os seus "gigantes".
"Persistência, determinação, fé, reconhecer os erros e fraquezas, admitir que erramos, que não somos perfeitos, mas buscar o conhecimento..."
Valeu a pena ter visto filme , pois a mensagem motivacional expressa por ele envolve  qualquer pessoa, independente de idade ou religião. Concluímos que, como no filme, temos que estar unidos, dar o melhor de nós, acreditar na nossa capacidade, enfrentar os problemas, pois existem situações das quais não podemos  fugir. Temos que seguir em frente,  enfrentar os problemas que surgem na escola, na sala de aula, sem esperar que outros o façam por nós. Porém, muitas vezes o gigante é a insegurança, o medo de tentar o novo, o desconhecido, ou até medo do fracasso, baseado em derrotas anteriores.
Após a reflexão, sugeri às cursistas que fizessem  um planejamento para trabalho com esse filme em sala de aula,  perguntando primeiramente se seria viável, se estaria adequado `as séries em que cada delas lecionava. Resposta afirmativa, avisei-lhes, no entanto, que antes de fazermos o planejamento estudaríamos um pouco sobre a utilização de filmes, vídeos e músicas em sala de aula. Entreguei-lhes um suplemento teórico sobre o assunto, no qual constam dicas e exemplos de  profissionais experientes e competentes na área em estudo.
Começamos a estudar sobre o uso do vídeo na sala de aula.
*Apoiei-me em:
*O Vídeo na Sala de Aula
José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância
jmmoran@usp.br
http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm
*Depois:
*Filmes em sala de aula
João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).
http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=454
Em ambas as partes foi destacada a atenção que o professor dever ter de não deixar que o filme ou o vídeo sejam tapa-buracos; destaque também à necessidade do planejamento para que realmente se atinja o objetivo e à escolha de temas que despertem o interesse ao aluno, sendo que, para isso, o professor precisa estar bem informado.
As professoras relataram experiências bem e outras mal sucedidas em suas experiências, principalmente com filmes. Mas, geralmente, o resultado é muito satisfatório, segundo elas.
Quando aos vídeos, a parte em que discutimos sobre a produção e edição de vídeos na escola, a ideia pareceu ótima, porém esbarra na falta de equipamento. Uma das sugestões é incluir a compra de uma boa câmara na próxima lista de aquisição de material da escola. Foi citado o  exemplo do professor de Matemática Rosalvo, que no ano de 2008 fez um trabalho maravilhoso, para o qual  utilizou equipamento próprio. Em Língua Portuguesa, talvez tenhamos tantas ou mais possibilidades de sucesso, visto trabalharmos mais de perto  com a linguagem.
*E finalizando:
*Música em sala de aula.
Os professores estão mais familiarizados com a utilização da música e é de uso mais constante em aula. Utilizei dois textos de autores diferentes, porém as opiniões eram muito parecidas. O trecho que transponho abaixo, contudo, apresenta algumas dicas preciosas:
Erika de Souza Bueno Consultora Pedagógica em Língua Portuguesa do Planeta Educação; Graduanda em Letras pela Universidade Metodista de São Paulo.

Música na Sala de Aula
Uma Chance de Trabalho
Trabalhar com a música no cotidiano escolar significa ampliar a variedade de linguagens que podem permitir a descoberta de novos caminhos de aprendizagem. É possível que se desperte no aluno outras formas de conhecer, interpretar e sentir.
Trabalhar uma canção em sala exige que ela seja executada mais de uma vez. Na primeira audição, os alunos identificam a melodia e alguns de seus aspectos. Isso possibilita uma primeira discussão sobre o significado da letra, o prazer de ouvir ou não, sobre quais instrumentos foram tocados e a interpretação vocal, quando houver.
Fazer com que jovens alunos se interessem pela leitura é um desafio muito grande para pais e professores. Há diversas tentativas para diminuir a distância entre a leitura e o aluno, muita delas inegavelmente eficazes.
Uma possibilidade de integrar alunos e leitura escrita é a apresentação de uma nova perspectiva sobre aquilo que não é novo para eles, ou seja, uma nova visão sobre materiais que eles tenham alguma particularidade. A música é uma boa opção para tal objetivo.
Levar letras de músicas de diversos gêneros para a sala de aula é algo que atenua significativamente a aversão ao mundo da leitura escrita por parte de nosso alunado, uma vez que a resistência a assistir a uma aula de língua portuguesa, por exemplo, fica um pouco esquecida ante a um material que eles tenham alguma familiaridade.
Digo familiaridade porque desde o nosso nascimento somos expostos ao mundo da música. Algumas mães cantam para seus filhos ainda em processo de gestação e, ao nascer, a criança convive com inúmeros gêneros musicais e, por isso, o professor ao apresentar uma letra de música na sala, tem grandes chances de atrair a atenção de seus alunos. Uma vez com a atenção de seus alunos voltadas para ele, conseguirá induzir o despertar de diversas competências que nossos jovens já têm ou ainda terão. Dentre estas competências, a interpretação da vida cotidiana, dos hábitos das pessoas, do vocabulário usado em diferentes épocas, entre tantas outras possibilidades.
Não é preciso ser apenas músicas consideradas modernas, inúmeros títulos musicais de outras gerações podem ser transformados em materiais de trabalho para o professor. A apreciação de um estilo mais que outro pode se transformar também num delicioso bate-papo estreitando o relacionamento aluno/professor.
Observe o trecho da música “Águas de Março” abaixo:
“É pau, é pedra, é o fim do caminho, é um resto de toco, é um pouco sozinho, é um caco de vidro, é a vida, é o sol, é a noite, é a morte, é um laço, é o anzol. É peroba no campo, é o nó da madeira, Caingá candeia, é o matita-pereira, é madeira de vento, tombo da ribanceira, é o mistério profundo, é o queira ou não queira, é o vento ventando, é o fim da ladeira, é a viga, é o vão, festa da cumeeira. É a chuva chovendo, é conversa ribeira das águas de março, é o fim da canseira...” (Tom Jobim)
Somente através deste trecho inúmeros assuntos poderão ser trabalhados em diversas disciplinas, quanto mais em se tratando de língua portuguesa.
O professor poderá, por exemplo, falar sobre o clima, sobre como as águas de março são tratadas nesta música, sobre os termos empregados, entre tantos outros assuntos.
Apenas a título de exemplificação, o professor poderá questionar se as chuvas ainda são bem-vindas atualmente. Evidentemente, muitos dirão que sim, e não há, num primeiro momento, o que se questionar, pois a falta de chuva seria e é em alguns estados brasileiros, motivo de desespero e muita preocupação.
Contudo, em São Paulo a chuva tem se tornado o oposto do que se aprecia neste trecho da bela canção:
“... é a chuva chovendo, é conversa ribeira das águas de março, é o fim da canseira”.
Isto porque chuva em São Paulo é sinônimo de trânsito parado, enchentes, noticiário ocupado com o assunto e exaustivo trabalho de diversos setores da sociedade. Eis assim, mais uma possibilidade de assunto que poderá ser trabalhado por professores em sala de aula, fazendo com que alunos interpretem uma letra de música muito além do que supostamente poderiam ter pensado.

Durante o  estudo do suplemento, dúvidas que surgiam eram dissipadas, experiências de trabalho eram relatadas e,  sobre o trabalho com músicas, a professora cursista Angélica expôs que a parte mais difícil é fazer os alunos aceitarem as nossas escolhas musicais para trabalho com eles. Geralmente eles consideram as músicas antiquadas, velhas.
Mas há também surpresas agradáveis: segundo ela, escolheu para determinado trabalho, empregar uma música do 14 Bis e receou que os alunos não fossem apreciar, mas eles amaram. Também a professora cursista Fabiane, relatando situação semelhante, contou que introduziu música do Nando Reis e a receptividade dos alunos foi ótima.
Talvez seja o exemplo do professor começando a fazer diferença nas escolhas musicais desses adolescentes?
Por isso temos a responsabilidade de fazer o melhor, dar o exemplo como bons leitores, ouvintes das boas músicas, que estão a cada dia mais longe do contexto social em que estão inseridos nossos alunos. Mas somente vamos conseguir sucesso se respeitarmos a diversidade cultural, pois entender as diferenças é fundamental e tem de partir primeiramente de nós, mestres.
Reflexões feitas, momento de planejar:
O 1º planejamento teve como objeto o filme "Desafiando gigantes"
Durante a apresentação do planejamento, na parte que abordariam questões para refletir, um dos anseios é que o filme motive os alunos à luta para superação de dificuldades, levá-los a refletir sobre a importância do apoio da família, principalmente nas situações mais difíceis, como é mostrado por algumas cenas (o pai que apoia e encoraja o filho em todos os momentos), a felicidade pelo perdão dado e recebido (também uma das mais emocionantes cenas entre um pai e um filho).
 Para o 2º planejamento as cursistas viram dois vídeos: um do Zeca Baleiro com a música "Salão de Beleza" e outro vídeo com o título "Chico Bento no Shopping"


Sugeri que escolhessem um dos vídeos e fizessem o planejamento por escrito; o outro, seria um planejamento oral, expondo as possibilidades de trabalho.
Com a música "Salão de beleza", viram a possibilidade de trabalhar valores negados ou evidenciados pela sociedade: o culto à beleza, a influência da propaganda na formação do ideal de beleza,  o problema da obesidade.
Para planejar por escrito escolheram o vídeo "Chico Bento no Shopping".
Viram a possibilidade de trabalhar desde as variantes linguísticas, os estrangeirismos, as diferenças de ponto de vista, até o conceito falso - generalização, senso comum - de que o caipira é bobo, que precede muitas obras que têm esse tipo de personagem.
 O 3º planejamento foi sobre uma música. As cursistas escolheram a música "Me chama" do Lobão.
Muitos aspectos podem ser trabalhados utilizando essa música, segundo as cursistas: linguagem coloquial, representada explicitamente pelo uso de pronomes átonos em próclise no início das frases, da forma verbal "tá" e do pronome aonde, diferente do que orientam as gramáticas.
As profissionais aprovaram o trabalho; ágeis, alegres e criativas, sem contudo perder o senso crítico e sem sair do nosso foco que é, através de suportes variados como o vídeo, o filme, a música e tantos outros que nos vêm ao alcance, ajudar nosso discente a ler melhor, escrever, comunicar-se, ser um cidadão que poderá realmente interferir no próprio meio e realidade por ser leitor do mundo que o cerca.


Um comentário:

  1. Muito boa essa oficina. Com certeza vou aproveitar tuas ideias maravilhosas pra gente trabalhar aqui em Esmeraldas.
    Abraços da Silvia.

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