quarta-feira, 28 de outubro de 2009

OFICINA 11 TP6 – 23/09/09

Meu encontro nesta data foi exclusivamente com a professora cursista Angélica. Pedi a ela que já começasse dando opinião sobre o caderno de teoria e prática em estudo.Tive a grata satisfação de, mais uma vez, ouvir uma cursista dizer que os cadernos e  atividades do GESTAR II vieram ao encontro do conteúdo trabalhado naquele momento com a turma. Os alunos estão, segundo a professora, na hora, idade e série certas para adquirir um pouco mais de domínio da língua escrita e oral, precisando melhorar a seleção de argumentos, organizando-os. Hora de escrever, analisando um acontecimento, ligando idéias, levando em conta o público leitor a que se dirige, visto que, a capacidade de argumentação é uma competência importante na defesa dos pontos de vista. A argumentação é usada para convencer, persuadir, na forma de diversos gêneros textuais e tipos de linguagens. Para argumentar, o aluno deve saber compreender opiniões, entender argumentos, aceitando-os ou recusando-os e, eventualmente, contra-argumentando.
Tendo optado pelo avançando da prática da unidade 21, a professora, com o objetivo de desenvolver o poder argumentativo dos seus alunos, primeiramente introduziu a atividade da aula 1 da AAA6, “Defendendo idéias”, pela qual, segundo ela, os alunos puderam observar a argumentação persuasiva existente nas propagandas. Ainda utilizou a atividade 4 da unidade 21 da TP6 (“Coma bem e viva mais” – páginas 20/21), que foi feita oralmente. Mais uma atividade, e o texto escolhido foi “Em busca da longevidade” (TP6 – pág. 22/23). Nessa, após levar os alunos a identificarem a tese do texto e os argumentos usados para comprová-la, a cursista conversou com seus alunos sobre a importância da argumentação e a “arte do convencimento”. Somente depois de todos esses trabalhos foi aplicado o “Avançando na prática”.

Aula 1 – AAA6 “Defendendo ideias”

Atividade 1
Quando desejamos convencer alguém sobre a importância de um produto ou de uma informação, utilizamos o recurso da propaganda. Observe a propaganda a seguir e responda:


5) A qual leitor se dirige o anúncio?
6) Que argumento foi utilizado no anúncio para convencer o leitor?
7) Por que o anúncio pode convencer o leitor?
8) Para convencer os leitores, os anunciantes utilizam estratégias especiais. Qual foi a estratégia utilizada neste anúncio?
9) Que comportamento é esperado do leitor convencido pelas informações do anúncio?

Atividade 4
Observe como o autor do seguinte texto coloca sua opinião e suas recomendações.

1. De que ideia o texto pretende convencer o leitor?
2. Que comportamentos se esperam de um leitor convencido das idéias do texto?
3. Como o texto procura fazer isso?
4. Como estão organizadas, em termos de estruturas lingüísticas, de tempos verbais, as “recomendações”?

Esse texto busca convencer o leitor acerca de uma idéia principal:
Cuidados com a alimentação contribuem para que o processo de envelhecimento transcorra sem sustos.
A essa ideia chamamos tese do texto argumentativo. Para convencer sobre a validade da tese, o texto utiliza várias recomendações em forma de ordens ou instruções; essas “recomendações”, que fornecem a comprovação da tese, constituem os argumentos do texto.
A tese constitui a idéia principal para a qual um texto pretende a adesão do leitor/ouvinte: é o objetivo de convencimento do leitor/ouvinte.
Os argumentos são os motivos, as razões utilizadas para convencer o leitor da validade da tese.

Atividade 5
Agora, compare o texto da atividade 4 com o seguinte, da atividade 5. Você vai ver que as maneiras de organizar os argumentos para comprovar a tese são diferentes.
Leia outro texto argumentativo a respeito do mesmo assunto.
                                    
                                        Em busca da longevidade
Enquanto – e quanto mais – a ciência aprimora suas pesquisas para desenvolver o segredo da imortalidade, não podemos descurar – hoje – das medidas necessárias a perseguir as que nos conduzem a uma vida longa e saudável.
A natureza concedeu a cada um de nós um conjunto de mecanismos que permite nos proteger e nos renovarmos constantemente, resistindo a todas as agressões, mesmo aquelas que não podemos evitar.
A velhice não pode ser catalogada como uma doença, nem pode se apresentar
como um período de sofrimento e desilusão.
Se conduzirmos nossa existência através de um programa disciplinado no que refere à alimentação, a exercícios, ao estilo de vida, podemos chegar à longevidade com saúde e vitalidade.
É claro que a expectativa de vida não é a mesma nos países em que a taxa de
mortalidade infantil é elevada, a assistência médica precária, a fome e a desnutrição evidentes e a condição sócio-econômica inconsciente.
Cumpre destacar aqui a diferença entre longevidade máxima e expectativa de vida. Aquela é um fenômeno ligado à espécie, e esta, uma condição decorrente dos avanços da medicina, da higiene e das possibilidades econômicas de cada um.
O nosso destino depende do binômio genético-ambiental: se nós pudermos identificar os indivíduos geneticamente vulneráveis e submetê-los a uma prevenção rigorosa, à erradicação dos fatores ambientais, possivelmente, em um futuro menos longínquo que possamos pensar, a uma correção de fatores genéticos, os conduziríamos a um envelhecimento saudável.
                                      Dr. Ernesto Silva, AMBr revista, julho/2003. (com adaptações)

1. Qual é a tese desse texto?
2. Que argumentos são usados para comprovar a validade dessa tese?
3. Que contribuições a ciência pode dar para conduzir a um envelhecimento saudável?
4. Compare os textos da atividade 4 e da atividade 5: como estão organizados os argumentos em cada um?

Avançando na prática – unidade 21 da TP6 - página 23
Professora: Angélica Ribeiro Silva
Turma:PAV II 2º período

“Dividindo a sala em grupos, levei sugestões de temas relacionados à saúde: textos com informações suficientes para aplicação da atividade. Os alunos fizeram primeiro uma espécie de esquema, como na atividade 4 da unidade 21.
Após reconhecerem a tese do texto e citarem argumentos que a comprovassem, cada aluno, com essas informações e mãos, escreveu um texto argumentativo frisando bastante os argumentos.
Para incrementar a atividade, por sugestão da formadora do curso, passei um vídeo que traz uma versal informal, “caipira”, da música “We are the world”. Nesse vídeo, além de mostrar que a argumentatividade também ocorre na linguagem informal, foi abordado sobre o fumo, que está pertinente ao tema transversal da TP6, corpo e saúde.
(Mais detalhes sobre o trabalho com o vídeo: http://angelletras.blogspot.com/)
Logo após,  produziram outro texto argumentativo sobre a nova lei antitabagismo.
Os alunos cresceram muito com essa atividades. Percebi maior autonomia ao produzir textos argumentativos e mais facilidade em defender opiniões”.

A professora cursista Fabiane, apesar de não haver participado do encontro, enviou relatório de atividades.
Segundo a professora, as atividades do “Avançando na Prática” são mais adequadas para alunos dos 8ºs e 9ºs anos (7ª e 8ª série), pois estes já possuem um vocabulário mais amplo, maior maturidade e mais clareza de idéias para se posicionarem sobre assuntos abordados. Por esses motivos, optou por trabalhar com outras atividades com seus alunos do 7º ano(6ª série).

RELATÓRIO DE ATIVIDADE RELACIONADA À TP6
AAA6 – pág. 20/21.
Aula 3 – Investigando os argumentos do texto
PROFESSORA: Fabiane Diniz
TURMA: 7º ano (6ª série) “Verde"
                                         
“Um texto em especial da AAA6 despertou o interesse e propiciou um trabalho interessante. Foi a HQ do quino, cuja personagem Mafalda cuidava do mundo doente – pág. 20 e 21. primeiramente conversei sobre histórias em quadrinhos, em geral. Depois, apresentei o texto aos alunos. Após a leitura, fizemos uma interpretação oral que deu abertura para uma ampla discussão sobre a situação do planeta. A classe chegou à conclusão que Mafalda tinha razão: o mundo está gravemente doente.
Após a discussão, a turma respondeu a algumas questões de interpretação propostas na página 21. logo em seguida, produziram um pequeno texto sobre o assunto. Foi interessante.
Finalmente, em casa, a turma pesquisou reportagens onde a “doença do planeta” é retratada. Na aula seguinte, cada um, voluntariamente, comentou sua reportagem e fizemos um feed back de tudo aquilo que foi discutido ao longo das aulas. Foi proveitoso”

1) Observe que Mafalda se refere a um doente em especial. Quem está doente?
2) Como Mafalda fica sabendo do “estado de saúde” do doente?
3) O pai de Mafalda, ao ver o doente, acredita ou não em sua filha?
4) Quais poderiam ser os argumentos de Mafalda para acreditar que o mundo está
doente?
5) Quino, o criador da tirinha, utiliza quais informações para convencer o leitor a respeito dos argumentos da Mafalda?
6) Por que o pai da Mafalda concorda com a filha somente quando chega ao trabalho?
7) Segundo os argumentos utilizados nas tirinhas da Mafalda, as idéias da menina se
identificam com o pensamento infantil ou adulto? Por quê?
8) Agora é a sua vez de pensar sobre as idéias da Mafalda. A partir do mesmo argumento apresentado nas tirinhas, construa um parágrafo sobre a provável “Doença do Mundo” apontada por Mafalda.
                                    ****************************************************************
Para finalizar- Desenvolver uma crônica a partir de um texto de Moacyr Scliar, publicado em O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002.p.155-156.

*A professora cursista Angélica seguiu as etapas de planejamento para escrever o texto, observando que nível de linguagem empregaria, para seguir, de certa forma, o estilo do texto original:
a) linguagem:  informal;
b) o final deveria ser surpreendente, engraçado, algo realmente inesperado;
c) não seria um texto longo;
d) as possibilidades de se criarem situações engraçadas, diferentes, eram muito grandes,  devido ao assunto carnaval, mas havia de se  ter cuidado para não fugir ao tema.
*Escrita e revisão
A professora terminou a escrita, releu o texto, silenciosamente, fez algumas correções na pontuação, segundo me disse, e leu em voz alta.
Nessa revisão percebemos que a ideia de finalização do texto era muito interessante, mas faltava acrescentar algumas falas,  discurso direto,  para representar com mais fidelidade a fala das personagens.
Novo texto, reescrito com todo cuidado, cuidando para que estivessem bem dosados o emprego do discurso indireto, do direto e do indireto livre. O texto ficou show!
Respondendo à pergunta se seria possível utilizar em sala de aula algumas das estratégias identificadas durante o trabalho de finalização do texto, a resposta foi sim.  O tipo de discurso deve estar bem compreendido pelos alunos, pois do contrário, dificulta bastante a fluidez narrativa. O gênero crônica é apreciado e possibilita criar, brincar com o imaginário a partir de situações corriqueiras. Uma carta também se tornaria um texto interessante para fazer essa atividade de "completar", "terminar".

                           O ESPÍRITO CARNAVALESCO

                                                        Moacyr Scliar
Cansado, ele dormia a sono alto, quando foi bruscamente despertado pela esposa, que o sacudia violentamente.
– Que aconteceu? – resmungou ele, ainda de olhos fechados.
– Não posso dormir – queixou-se ela.
– Não pode dormir? E por quê?
– Por causa do barulho – ela, irritada: – Será possível que você não ouça?
Ele prestou atenção: de fato, havia barulho. O barulho de uma escola de samba ensaiando para o carnaval: pandeiros, tamborins... Não escutara antes por causa do sono pesado. O que não era o caso da mulher. Ela exigia providências.
– Mas o que quer você que eu faça? – perguntou ele, agora também irritado.
– Quero que você vá lá e mande pararem com esse barulho.
 
                    *(Continuação dada pela professora cursista Angélica):
O marido, muito solícito, resolveu ser cavalheiro e descer para acabar com a balbúrdia, como solicitou a esposa.

Ao chegar lá embaixo, viu-se misturado à multidão e sem jeito de tentar pôr fim à folia, mas não podia desapontar a esposa. Encantado com tanta alegria, teve uma ideia: subiu num muro e com muito esforço, conseguiu que o ouvissem.
_ Por favor, pessoal! Ouçam só um instante! Naquele bar lá da esquina, tem bebida de graça pra todo mundo! Mas tem que ir rápido, pois outros foliões já estão sabendo.
Não precisou falar mais nada. Todos desceram a ladeira numa extrema rapidez.
Ele então subiu, e a esposa deleitou-se com a gentileza do marido. “Todas queriam ter um marido como esse; morram de inveja”.
Logo, adormeceu, mas o marido não tirava a folia da cabeça. Viu, então, que a mulher adormecera profundamente. Quis descer, mas iriam reconhecê-lo e descobrir a mentira. Então veio outra ideia: lembrou-se de uma velha fantasia, do tempo de solteiro, que estava no porão. Sem fazer barulho resgatou-a e, pé ante pé, ganhou a porta da rua.
Nunca havia se divertido tanto como naquela madrugada! Parecia um folião de longa data. Mas o dia amanhecia e tudo o que é bom duro pouco. Chegou em casa antes da mulher acordar, tomou um banho e preparou um belo café da manhã.
Quando a esposa acordou, surpreendeu-se! O que deu nele?
_ Amor, que surpresa! Você realmente é o melhor marido do mundo! Pelo jeito dormiu muito bem depois do fim do barulho!
_ Com certeza, amor! Além de dormir bem ainda tive um belo sonho! Sonhei que éramos jovens e acompanhávamos a folia! Foi como voltar no tempo e reviver os bons momentos.
_ Que bom meu amor, porque eu também sonhei que acompanhava a folia.
_ É mesmo, como foi o sonho?
_ Sonhei que você se vestiu de odalisca , saiu escondido, voltou no clarear do dia e preparou um lindo café da manhã para mim. E, é claro, eu fui atrás. Só que voltei antes do sol nascer. Que coincidência, não?

                            *(Final original dado por Moacyr Scliar)
– De jeito nenhum – disse ele. – Não sou fiscal, não sou polícia. Eu não vou lá.

Virou-se para o lado com o propósito de conciliar de novo o sono. O que a mulher não permitiria: logo estava a sacudi-lo de novo. Ele acendeu a luz, sentou na cama:
– Escute, mulher. É carnaval, esta gente sempre ensaia no carnaval, e não vão parar o ensaio porque você não consegue dormir. É melhor você colocar tampões nos ouvidos e esquecer esta história.
Ela começou a chorar.
– Você não me ama – dizia, entre soluços. – Se você me amasse, iria lá e acabaria com a farra.
Com um suspiro, ele levantou-se da cama, vestiu-se e saiu, sem uma palavra.
Ela ficou à espera, imaginando que em dez ou quinze minutos a batucada cessaria.
Mas não cessava. Pior: o marido não voltava. Passou-se meia hora, passou-se uma hora: nada. Nem sinal dele.
E aí ela ficou nervosa. Será que tinha acontecido alguma coisa ao pobre homem? Será que – por causa dela – ele tinha se metido numa briga? Teria sido assassinado? Mas, neste caso, por que continuava a batucada? Ou seria aquela gente tão insensível que continuava a orgia carnavalesca mesmo depois de ter matado um homem? Não aguentando mais, ela vestiu-se e foi até o terreiro da escola de samba, ali perto.
Não, o marido não tinha sido agredido e muito menos assassinado. Continuava vivo, e bem vivo: no meio de uma roda, ele sambava, animadíssimo.
Ela deu meia-volta e foi para casa. Convencida de que o espírito carnavalesco é imbatível e fala mais alto do que qualquer coisa.
                             O imaginário cotidiano, de Moacyr Scliar. 2. ed. São Paulo: Global, 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário